(ENEM PPL - 2016)
Maria Diamba
Para não apanhar mais
falou que sabia fazer bolos:
virou cozinha.
Foi outras coisas para que tinha jeito.
Não falou mais:
Viram que sabia fazer tudo,
até molecas para a Casa-Grande.
Depois falou só,
só diante da ventania
que ainda vem do Sudão;
falou que queria fugir
dos senhores e das judiarias deste mundo
para o sumidouro.
LIMA, J. Poemas negros. Rio de Janeiro: Record, 2007.
O poema de Jorge de Lima sintetiza o percurso de vida de Maria Diamba e sua reação ao sistema opressivo da escravidão. A resistência dessa figura feminina é assinalada no texto pela relação que se faz entre
o uso da fala e o desejo de decidir o próprio destino.
a exploração sexual e a geração de novas escravas.
a prática na cozinha e a intenção de ascender socialmente.
o prazer de sentir os ventos e a esperança de voltar à África.
o medo da morte e a vontade de fugir da violência dos brancos.